sexta-feira, maio 27, 2005

Nem eu


Não fazes favor nenhum
Em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu

Quem inventou o amor
Não fui eu, não fui eu, não fui eu
Não fui eu nem ninguém

O amor acontece na vida,
Estavas desprevinida
E por acaso eu também

E como o acaso é importante,querida
De nossas vidas a vida
Fez um brinquedo também

Solidão
Que poeira leve
Solidão
Olha a casa é sua
O telefone chamou
Foi engano
Solidão
Que poeira leve
Solidão
Olha a casa é sua
E no meu descompasso
O riso dela

Na vida quem perde o telhado
Em troca recebe as estrelas
Prá rimar até se afogar
E de soluço em soluço esperar
O sol que sobe na cama e acende o lençol
Só lhe chamando, solicitando

Se ela nascesse rainha
Se o mundo pudesse agüentar
Os pobres ela pisaria
E os ricos íris humilhar
Milhares de guerras faria pra se deleitar
Por isso eu prefiro cantar sozinho

(Tom Zé)

Música


Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva

Se voltar desejos ...

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou

Diariamente


Para calar a boca: Rícino
Pra lavar a roupa: Omo
Para viagem longa: Jato
Para difíceis contas: Calculadora
Para o pneu na lona: Jacaré
Para a pantalona: Nesga
Para pular a onda: Litoral
Para lápis ter ponta: Apontador
Para o Pará e o Amazonas: Látex
Para parar na pamplona: Assis
Para trazer à tona: Homem Rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: Marzipã
Para Adidas o Conga: Nacional
Para o outono a folha: Exclusão
Para embaixo da sombra: Guarda Sol
Para todas as coisas: Dicionário
Para que fiquem prontas: Paciência
Para dormir a fronha: Madrigal
Para brincar na gangorra: Dois
Para fazer uma toca: Bobs
Para beber uma coca: Drops
Para ferver uma sopa: Graus
Para a luz lá na roça: duzentos e vinte volts
Para vigias em ronda: Café
Para limpar a lousa: Apagador
Para o beijo da moça: Paladar
Para uma voz muito rouca: Hortelã
Para a cor roxa: Ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser moda: Melancia
Para abrir a rosa: Temporada
Para aumentar a vitrola: Sábado
Para a cama de mola: Hóspede
Para trancar bem a porta: Cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen
Para quem não acorda: Balde
Para a letra torta: Pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: Amnésia
Pra estourar a pipoca: Barulho
Para quem se afoga: Isopor
Para levar na escola: Condução
Para os dias de folga: Namorado
Para o automóvel que capota: Guincho
Para fechar uma aposta: Paraninfo
Para quem se comporta: Brinde
Para a mulher que aborta: Repouso
Para saber a resposta: Vide o Verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: Hipofagi
Para a comida das orcas: Krill
Para o telefone que toca:
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta: Diariamente

(Marisa Monte)

Flor da Idade


A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor


Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor


Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha

Lero-Lero

Meu bem
Faz tantas luas que eu espero
Pirraça é coisa de criança
Vamos deixar de lero lero
Choro sem motivo
Engana a lágrima
E confunde o fim
Pega carona com o bom senso
E cai na estrada que vem dar em mim ...
Quando o dilúvio passar
Nada vai justificar
Quanto tempo nós perdemos
Quanto amor nós não fizemos
Tantos abraços sonhados
Milhares de beijos não dados
Porque afogar gostosuras
Num mar de frescuras

Vem

Tocar comigo os sinos da paixão
Se não for mal de T. P. M.
Só pode ser malcriação

(Erasmo Carlos)

segunda-feira, maio 23, 2005

Princesa


Sei que há contas a pagar
e há razões pra terminar
A semana toda ficou para trás
Ela tem trabalhado demais

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
mas aaaah

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
parecia uma princesa
Não se importava com o resto do mundo
E largava os pés em cima da mesa

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
mas há

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Não havia contratempo
Ela segurava o teu coração
e largava as roupas pelo chão