sexta-feira, outubro 22, 2004

Amendoim Torradinho


Meu bem,
Este teu corpo parece
Do jeito que ele me aquece
Um amendoim torradinho
E a gente
Nestes teus braços esquece
Do ponteirinho que desce
Só pra impedir teu carinho
Sinto uma vontade louca de gritar pela rua
Que eu já colei minha boca na boca que é tua
E de gritar no teu ouvido, lá dentro, bem fundo
Que não existe no mundo
Um amor mais profundo
Que o amor bem vagabundo
Que vem lá do meu bem

(Henrique Beltrão)

quarta-feira, outubro 20, 2004

Um trem para as estrelas

São sete horas da manhã
Vejo o Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas de pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
E a esperança que eles têm
Nesse filme como extras
Todos querem se dar bem

Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem proteger ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois

Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas...

(Cazuza/Gilberto Gil)

Coração vagabundo


Meu coração não se cansa de ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher
Que passou por meus sonhos sem dizer adeus
E fez dos olhos meus um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo em mim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo em mim.

(Caetano Veloso)

Drão


Drão, o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar n'algum lugar
Ressucitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Nossa caminha dura
Dura caminhada, pela estrada escura
Drão, não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Entende-se infinito, imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Nossa caminha dura, cama de tatame
Pela vida afora
Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixão
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre nasce trigo
Vive morre pão
Drão, Drão

(Gilberto Gil)

quarta-feira, outubro 06, 2004

Um simples abraço

Sou uma colher
e o seu prato
está virado,
você não vai comer ?

Sou lá fora o frio
seu casaco
está guardado
você não vai passar em casa ?

E agora que eu amo você
O mundo não precisa nunca mais girar
Porque agora que eu amo você
Se eu a - mo
Vo - cê.

Sou uma avenida
e o seu carro
está parado
você não vai sair ?

Sou um temporal
e os seus lábios
estão fechados
mas se você sorrir eles se abrem.

O que você precisa ?
se você precisar.
Uma margarida comum
um beijo ou um simples abraço
que é pra você lembrar de mim.

(Nando Reis)

Banho cheiroso

você deve tomar banho cheiroso
prá acabar com essa mofina
e o corpo ficar jeitoso
você sente uma moleza
sem ter doença nenhuma
tem a vida atrapalhada
não consegue coisa alguma
então ouça o meu conselho
ele é muito valoroso
pois não perca mais seu tempo
e tome banho cheiroso
você deve tomar
banho cheiroso
prá acabar com essa mofina
e o corpo ficar jeitoso
ele é feito de tipy
pau de angola e puxuri
leva trevo de mulata
e também patchouli
jardineira, pataqueira
e também manjericão
leva rosa todo ano
amoníaco e açafrão.
você deve tomar banho cheiroso
prá acabar com essa mofina
e o corpo ficar jeitoso

(Antônio Vieira)

Preciso me encontrar


Deixe-me ir, preciso andar
vou por aí a procurar
rir pra não chorar
quero assistir ao sol nascer
ver as àguas e os rios correr
ouvir os pássaros cantar
eu quero nascer, quero viver
deixe-me ir preciso andar
vou por aí a procurar
rir pra não chorar
se alguém por mim perguntar
diga que eu só vou voltar
quando eu me encontrar
quero assistir ao sol nascer
ver as àguas e os rios correr
ouvir os pássaros cantar
eu quero nascer, quero viver
deixe-me ir preciso andar
vou por aí a procurar
rir pra não chorar

(Candeias)

terça-feira, outubro 05, 2004

O carioca

O meu pai é carioca
Minha mãe é carioca
E eu nasci nessa cidade onde o mundo desemboca
Transformando foz e fonte desse rio em pororoca
Eu nasci nessa cidade
E o meu filho é carioca
O meu pai é carioca
Minha mãe é carioca
E eu nasci nessa cidade onde a gente nem se toca
Onde o sonho de ser livre não se vende e nem se troca
Eu nasci nessa cidade
Meu amor é carioca
Os meus versos cariocas
Minhas filhas cariocas
Minhas pernas pelas ruas e avenidas cariocas
E se hoje eu desatino num sotaque nordestino
É que eu sei, desde menino
Que a sina da cidade é ser o porto das trocas
A cidade e suas docas
A cultura da mistura fura o tempo feito broca
E a mistura da cultura
Vai fazendo a escultura do que mais é carioca
E o meu pai é carioca
Minha mãe é carioca
Meu passado, minha tribo, minha taba, minha oca
Meu presente de argamassa pro futuro se desloca
Tudo é Rio de Janeiro
Todo mundo é carioca

(Alexandre Lemos)

Vê se me esquece

Já que você não aparece,
venho por meio desta
devolver teu faroeste,
o teu papel de seda,
a tua meia bege,
tome também teu book,
leve teu ultraleve
carteira de saúde,
tua receita de quibe,
de quiabo, de quibebe,
do diabo que te carregue,
te carregue, te carregue
teu truque sujo, teu hálito,
teu flerte, tua prancha de surf,
tua idéia sem verve,
que nada disso me serve
Já que você não merece,
devolva minhas preces,
meu canto, meu amor,
meu tempo, por favor,
e minha alegria que,
naquele dia,
só te emprestei por uns dias
e é tudo que lhe pertence
PS: Já que você foi embora por que não desaparece?

(Itamar Assumpção e Alice Ruiz)

Tudo ou nada

come on baby
transformar esse limão em limonada
passar da solidão pra doce amada
pegar um trem pra próxima Ilusão
come on baby
segurar esse rojão, metade cada
seguir o coração, em disparada
numa estrada que só tem a contramão
come on baby
arriscar não passe só de palhaçada
faz de conta que o que conta, conta nada
apostar na falta de exatidão
come on baby
repartir toda noite em vários dias
repetir tudo o que seja alegria
e sonhar na corda bamba da emoção
come on baby
voar sem avião, sem ter parada
Inverso da razão, ou tudo ou nada
fazer durar a chuva de verão
come on baby
você e eu, luar, beijos, madrugada,
a vida não tá certa, nem errada
aguarda apenas nossa decisão

(Itamar Assumpção e Alice Ruiz)

Ladainha

"era uma vez
uma mulher
que via um futuro
grandioso
para cada homem
que a tocava
um dia
ela se tocou"

Eu pensava que o amor
me faria uma rainha
e quando você chegasse
não seria mais sozinha
você chega da gandaia
só pensando em umazinha
seu amor é pouca palha
para minha fogueirinha
o que você jogou fora
é para poucos
o meu mal foi
jogar pérolas
aos porcos
eu não sou da sua laia
não quero sua ladainha
pra ser mal acompanhada
prefiro ficar na minha

(Alzira Espíndola, Estrela Ruiz Leminski e Alice Ruiz)

Tô vivo

Para quem me ama, para quem nem tanto
Para quem me ouve quando eu canto
Para que me lembra, para quem já me esqueceu
Para quem nem sabe quem sou eu
Para quem me liga, para quem eu sou de briga
Para quem eu sou feito de amor
Para quem me beija, para quem não me deseja
Para quem eu sou compositor
Aviso
Ainda não tomei juízo
Não tenho nem metade do que eu preciso
Ainda continuo impulsivo
Às vezes eu discuto sem motivo
Mas em compensação tô vivo
Tô vivo
Para quem me julga, para quem me deixa em paz
Para quem já não me agüenta mais
Para quem me quer e para quem nunca me quis
Para quem eu sou tão infeliz
Para quem eu choro, para quem eu ignoro
Para quem eu quero só pra mim
Para quem eu paro, para quem eu me preparo
Para quem achar que eu tô no fim
Aviso
Ainda não tomei juízo
Não tenho nem metade do que eu preciso
Ainda continuo impulsivo
Às vezes eu discuto sem motivo
Mas em compensação tô vivo
Tô vivo
Para quem contou que eu saí do jogo
Para quem pensou que eu me queimei no fogo
Para quem me descartou antes da hora
Para quem achou que eu fui embora
Aviso
Ainda não tomei juízo...


(Alexandre Lemos)

Último Desejo


Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar
Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação
Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim
E que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim

(Noel Rosa)

Linda flor

Ai, Ioiô
Eu nasci pra sofrer
Fui olhar pra você, meus olhinhos fechou
E quando os olhos abri, quis gritar, quis fugir
Mas você, eu não sei porque
Você me chamou
Ai, Ioiô
Tenha pena de mim
Meu Senhor do Bonfim pode inté se zangá
Se ele um dia souber
Que você é que é, o Ioiô de Iaiá
Sonhei toda noite
Pensei
Nos beijos de amor que eu lhe dei
Ioiô, meu benzinho do meu coração
Me leva pra casa, me deixa mais não

(E. Vogeler, Cândido Costa, Luiz Peixoto e Marques Porto)

domingo, outubro 03, 2004

Trocando em miúdos


Eu vou lhe dar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim?
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças

Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde


(C. Buarque/F. Hime)

Muito romântico


Não tenho nada com isso nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu
Acho que nada restou pra guardar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu
Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa eu não douro a pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo o mundo podendo brilhar no cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântico


(Caetano Veloso)

Trem das cores


A franja da encosta, cor de laranja
Capim rosa-chá
O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela, anel de turquesa
Os átomos todos dançam, madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto, explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato lábios cor de açaí
E aqui trem das cores, sábios projetos
Tocar na Central
E o céu de um azul celeste celestial

(Caetano Veloso)

A rã


Coro de cor, sombra de som de cor, de mal me quer
De mal me quer, de bem, de bem me diz
De me dizendo assim: serei feliz
Serei feliz de flor, de flor em flor
De samba em samba em som, de vai e vem
De verde, verde ver pé de capim
Bico de pena, pio de bem-te-vi
Amanhecendo sim perto de mim
Perto da claridade da manhã
A grama, a lama, tudo é minha irmã
A rama, o sapo, o salto de uma rã

(João Donato/Caetano Veloso)

Rapte-me camaleoa

Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De uma quasar pulsando loa
Interestelar canoa
Leitos perfeitos
Seus peitos direitos me olham assim
Fino menino me inclino pro lado do sim
Rapte-me, adapte-me, capte-me
It's up to me
Coração
Sem querer ser merecer ser um camaleão
Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas

(Caetano Veloso)

A dois passos do paraíso


Longe de casa
Há mais de uma semana
Milhas e milhas distante
Do meu amor
Será que ela está me esperando?
Eu fico aqui sonhando...
Voando alto perto do céu.
Saio de noite andando sozinho
Vou entrando em qualquer barra
Eu faço meu caminho
No radio toca uma canção
Que me faz lembrar você
Eu eu fico louco de emoção
E já não sei o que vou fazer

Estou a dois passos do paraíso (Não sei se vou voltar).
Estou a dois passos do paraíso.(Talvez eu fique, eu fique por lá )
Estou a dois passos do paraíso.
Não sei porque que eu fui dizer bye bye Baby bye bye.

A rádio atividade leva até vocês mais um programa da série série "Dedique uma canção a quem você ama".
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta, uma carta d'uma ouvinte que nos escreve e assina com o singelo pseudônimo de "Mariposa Apaixonada de Guadalupe".
Ela nos conta que no dia que seria o dia do dia mais feliz de sua vida, Arlindo Orlando, seu noivo, um caminhoneiro conhecido da pequena e pacata cidade de Miracema do Norte fugiu desapareceu, escafedeu-se.
Oh! Arlindo Orlando volte onde quer que você se encontre volte para o seio de sua amada; ela espera ver aquele caminhão voltando de faróis baixo.


(Blitz)

Lumiar


Anda, vem jantar, vem comer, vem beber
Farrear até chegar Lumiar
E depois deitar no sereno só Pra poder dormir e sonhar
Pra passar a noite caçando sapo, contando caso
De como deve ser Lumiar
Acordar, Lumiar, sem chorar, sem falar
Sem querer acordar e lumiar
Levantar e fazer café só Pra sair, caçar e pescar
E passar o dia moendo cana, caçando lua
Clarear de vez Lumiar
Amor, Lumiar, Pra viver, Pra encostar
Pra chover, Pra tratar de vadiar
Descansar os olhos, olhar e ver, e respirar,
Só Pra não ver o tempo passar
Pra passar o tempo até chover, até lembrar
De como deve ser Lumiar
Anda, vem jantar, vem dormir, vem sonhar
Pra viver, até chegar Lumiar
Estender o sol na varanda, até queimar
Só Pra não ter mais nada a perder
Pra perder o medo, mudar de céu, mudar de ar
Clarear de vez Lumiar

(Beto Guedes)

Sensual



Quando eu cantar quero ficar molhado de suor
E por favor, não vá pensar que é só a luz do refletor
Será minha alma que sua sob um sol negro de dor
Outro corpo, a pele nua, carne músculo e suor
Como um cão que uiva pra lua contra seu dono e feitor
Uma fera animal ferido, no dia do caçador
Humaníssimo gemido raro e comum como o amor
Humaníssimo gemido raro e comum como o amor
Quando eu cantar
Quero lhe deixar molhada de bom-humor
E por favor, não vá pensar que é só a noite ou o calor
Quero ver você ser inteiramente tocada
Pelo licor da saliva, a língua, o beijo, a palavra
Minha voz quer ser um dedo na tua chaga sagrada
Uma frase feita de espinho, espora em teus membros cansados
Sensual como o espírito ou como o verbo encarnado
Sensual como o espírito ou como o verbo encarnado

Toda suja de batom

Eu estou muito cansado
Do peso da minha cabeça
Desses dez anos passados, presentes
Vividos entre o sonho e o som
Eu estou muito cansado de não poder
De não poder falar palavra
Sobre essas coisas sem jeito
Que eu trago em meu peito
E acho tão bom
Quero uma balada nova
Falando de brotos, de coisas assim
De money, de banho de lua, de ti e de mim
Um cara tão sentimental
Quero a sessão de cinema das cinco
Para beijar a menina e levar a saudade
Na camisa toda suja de batom

(Belchior)

Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor



Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

Alexandre figura desumana
Fundador da famosa Alexandria
Conquistava na Grécia e destruía
Quase toda a população Tebana
A beleza atrativa de Roxana
Dominava o maior conquistador
E depois de vencê-la, o vencedor
Entregou-se à pagã mais que formosa
Mulher nova bonita e carinhosa
Faz um homem gemer sem sentir dor

A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino
Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes
A bravura dos grandes navegantes
Enfrentando a procela em seu furor
Se não fosse a mulher mimosa flor
A história seria mentirosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

(Zé Ramalho e Otacílio Batista)

Coração Selvagem



Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja no seu copo
No seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo
Tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo
Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver
Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude

Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar
Meu coração cuidado é frágil;
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"
Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo
Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem
Talvez eu morra jovem:
Alguma curva no caminho, algum punhal de amor traído
Completará o meu destino, meu bem... Que outros chamam de baby

(Belchior)

Tive razão


Tive razão, posso falar
Não foi legal, não pegou bem
Que vontade de chorar, dói
Em pensar que ele não vem só dói

Mas pra mim tá tranquilo
Eu vou zuar
O clima é de partida
Vou dar sequência na vida

De bobeira é que eu não estou
E você sabe bem como é que é
Eu vou
Mas poderei voltar quando você quiser

(Seu Jorge)

sábado, outubro 02, 2004

Diga lá, meu coração


São coisas dessa vida tão cigana. Caminhos como as linhas dessa mão. Vontade de chegar e olha eu chegando. E vem essa cigarra no meu peito já querendo ir cantar noutro lugar

Diga lá, meu coração
da alegria de rever essa menina
E abraçá-la
E beijá-la

Diga lá, meu coração
conte as histórias das pessoas
Das estradas
Dessa vida
Chore essa saudade estrangulada
Fale, sem você não há mais nada
Olhe bem nos olhos da morena
e veja lá no fundo a luz daquele
sol de primavera
Durma qual criança no seu colo
Sinta o cheiro forte do teu solo
Passe a mão nos seus cabelos negros
Diga um verso bem bonito
e vai embora

Diga lá, meu coração
que ela está dentro
do teu peito
e bem guardada
e que é preciso
mais que nunca
prosseguir
Prosseguir
(Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você...)