terça-feira, fevereiro 24, 2015

Casa



Minha casa é simples
Mas é forte todavia
Chove todo dia
Uma calma solidão

Vento que arranca
Dos varais uma lembrança
Tudo que me alcança
Era sonho, agora, não

Da janela, vejo
Luzes da cidade, o peso
Todo o desejo
De um lugar nesse clarão

Como eles correm
Tão certinhos quanto à sorte
Rima com a morte
Mando um grito, mando um sinal

Ninguém nunca vê a minha casa
Ninguém nunca entra

Minha casa é simples
Mas é minha toda vida
Chove todo dia - uma brava solidez

Onda que me lança
Nunca quebra, só avança
Faz da dor bonança
Soa o sino - agora, sim

Sei que já é tarde
Hoje desço pra cidade - algo que se parte
Dou à sorte o meu amor

Em cima de um morro nem tão alto, nem tão baixo
Será que eu encaixo?
Era sonho
Agora, não

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